Quando dizemos que a espécie humana é a maior e mais cruel predadora do planeta não se trata de retórica, mas sim da triste realidade. E posta em números, fica ainda mais evidente o quanto somos deletérios.
Apesar de somarmos hoje 7,6 bilhões de pessoas, representamos somente 0,01% da biomassa dos seres vivos do planeta Terra. E isso nos coloca numa posição absolutamente desconfortável: somos uma espécie tão pouco representativa, porém com enorme poder de destruição das outras espécies que compartilham conosco o planeta.
Do total da biomassa do planeta, as bactérias representam cerca de 13%, os insetos, crustáceos, moluscos e outros animais equivalem a 5% e o que sobra corresponde às plantas, com 82% da matéria viva.
Um estudo do Instituto de Ciência Weizmann, em Israel, e do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos, revelou que a espécie humana já acabou com 83% dos mamíferos selvagens. Hoje, 60% dos mamíferos do planeta são criados em cativeiro, 36% dos mamíferos são humanos e somente os restantes 4% são selvagens. Com relação aos pássaros, 70% das aves são criadas em cativeiro e 30% permanecem selvagens.
Ainda de acordo com o relatório, 86% das espécies se encontram em terra, 13% abaixo de superfícies (como bactérias) e somente 1% nos oceanos.
Ao longo dos últimos 100 anos, a humanidade vem destruindo as áreas de florestas nativas e acabando com a vida selvagem. Das 93.577 espécies registradas pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), 26.197 estão ameaçadas de serem extintas nos próximos anos.
Não sei se você teve a mesma sensação ao ler esses números. A percepção de que é preciso parar AGORA essa matança cruel de seres vivos. É indispensável e urgente nos tornarmos mais sustentáveis e menos destruidores.
Sobre Marcelo Szpilman
Marcelo Szpilman, biólogo marinho, é autor de oito livros publicados, sendo cinco nas áreas de peixes, tubarões e outros seres marinhos. É o idealizador, fundador e presidente de honra do AquaRio e diretor-presidente do Instituto de Conservação Marinha.
Uma resposta
Estarrecedor os números apresentados que nos alerta sobre o gravíssimo panorama!… obrigado Szpilman pelo importante artigo e parabéns pela série de artigos no decorrer do ano que vem terminando e contaremos com seus artigos em 2021 e com seus conhecimentos e dedicação para um planeta mais conservado e reservado pra outras gerações…